segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Fazenda Abandonada


Noite nublada. Dois irmãos, fazendeiros, no alto do celeiro, um de cada lado, com suas carabinas engatilhadas, cobertos debaixo de montes de feno.

O celeiro estava velho, quase caindo aos pedaços. Madeira corroída, cheia de buracos de cupins, telhas faltando. Estava localizado no meio do nada. Antes aquele lugar era cercado por hectares de trigo a se perder de vista, mas no momento, o horizonte não passava de um deserto de terra.

Silêncio. Apenas silêncio. Com exceção do pequeno leitão amarrado lá embaixo, o único remanescente, servindo de isca para uma presa, um predador, fuçando o chão, coberto de palha e poeira, e o vento uivando lá fora, levantando a terra solta para o alto.


               O leitão, de repente, começa a ficar inquieto, a guinchar e grunhir. Os dois fazendeiros imediatamente ficam tensos. O suor escorrendo de imediato pelo rosto. Uma troca de olhares, e uma confirmação: "é ele", diz a expressão facial de cada um.

O leitão começa a se debater, tentando em vão arrebentar a corda que o prende. Uma silhueta surge ao longe, andando calmamente. Conforme ele se aproxima, a tensão aumenta, e pode-se discernir sua forma: uma figura aparentemente humadóide, algo que parecem ser duas orelhas pontudas, e seus dois inconfundíveis olhos amarelos, que pareciam brilhar no escuro.
Ele chega perto da entrada, e se apoia no batente. Dá uma espreitada lá dentro e ergue o focinho, farejando o lugar, captando qualquer outro ser que não seja o porco. Então ele rosna! Foram descobertos! Tentaram enganar um predador por natureza, um caçador inato, com um truque tão simples

Ele se afasta, e começa a correr pelo lado esquerdo do celeiro.

_ele vai nos emboscar! _Grita o fazendeiro do lado direito, em desespero_ Fomos descobertos!


       Dito e feito. Simultaneamente, a criatura começa a escalar facilmente a madeira decrépita, perfurando-as com suas garras pontiagudas. Em apenas um instante, ele entra por uma das aberturas na parede, dando um salto felino, indo parar em cima do pobre fazendeiro do lado esquerdo. Instintivamente, os dois apontam as armas para o lobisomem. Mas ele é muito mais rápido. 

Meio sem jeito, o pobre fazendeiro encosta o cano da arma no peito dele, durante o bote. Mas devido ao susto repentino, somado à tensão, ele não teve tempo de fazer a mira.  O lobisomem cai sobre o cano, fazendo a coronha da arma bater no seu peito do homem, e o homem cai pra trás. A arma dispara, não por que ele puxou o gatilho, mas pelo impacto da queda.

     Logo em seguida ouve-se a detonação do gatilho da arma, o arfar do fazendeiro, que teve alguns ossos da costela quebrados, e o urro de dor do lobisomem, que teve seu peito perfurado pelo disparo a queima roupa, fazendo recuar. Um tremendo golpe de sorte!

O disparo do outro fazendeiro acertando a coluna dorsal dele, ao mesmo tempo em que o lobisomem larga os braços do homem ferido. Então ele urra mais intensamente. Ele se afasta cambaleando. Cai sobre os quatro membros e tenta uma corrida de fuga, em direção à parte de trás do celeiro, mas devido aos ferimentos, o máximo que consegue é se arrastar.

_Bom trabalho, Carlos! AAII! Parece que o incapacitou! _Disse o fazendeiro ferido.

O lobisomem enfim sucumbe e cai no chão, mas não está morto, apenas descansando, pois ainda se ouve sua fraca respiração, muito sangue espalhado no chão

_Depressa, Carlos! Acabe com ele! 

Carlos corre em direção de onde está o lobisomem e pega um machado pendurado na parede mais próxima, quase cego pela ferrugem.

_Sim! Eu vou acabar com ele! Mas vou cortar o mal pela raiz. Até porque esses bichos não morrem fácil assim!

Dito isso, ele chega perto da criatura, que pressente que algo de ruim vai acontecer a ela, abre os olhos levemente, e tenta se levantar. Carlos desfere o primeiro golpe no pescoço dele. Ele cai de novo, dessa vez imóvel. Dois golpes. Três golpes. No quarto golpe, a cabeça do bicho se desprende do corpo, e sai rolando para a parte debaixo do celeiro, na frente do porquinho, que estava se debatendo até agora, muito sangue esguichando muito sangue pela aorta.

Os dois fazendeiros respiram aliviados, as pernas trêmulas de tensão. Carlos se aproxima do seu irmão, que já estava tossindo sangue. As costelas quebradas perfuraram o seu pulmão.

_Consegue levantar, Fernando? _ Disse Carlos.

_Sozinho não!

Os braços de Fernando estavam sangrando, devido ao ataque do lobisomem. Na hora do bote, a criatura segurou seus braços, as garras penetrando na carne, rasgando seus músculos, incapacitando a maior parte dos movimentos. Sem falar da dor paralisante nas costelas.

_É isso né? Acabou? _ arfou Fernando, ao ser posto de pé, se apoiando no ombro de seu irmão.

_Sim! Acabou! Vamos reconstruir tudo isso! Começar do zero. Mas só pra garantir, vamos queimar esse corpo pela manhã.

O corpo já não era mais do lobisomem. Já havia voltado à forma humana.

Passadas algumas semanas, a notícia que o lobisomem fora morto se espalhou. Já haviam comprado um pouco mais de trigo para recomeçar suas plantações. Mas a terra e o celeiro, e as outras construções da fazenda ainda estavam mal cuidados. Ainda teriam muito trabalho pela frente.

 FIM

3 comentários:

  1. E logo logo, a semente de DNA plantada no braço daquele homem pelas garras do lobisomem morto, iria dar vida ao novo ser composto de raiva, pelos, e sede de sangue na proxima lua cheia!

    Muito perfeito seu texto eu amei! Vc aceitaria fazer parceria com o meu blog?
    www.jovemlobo.blogspot.com

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    1. bem.... primeiro que a infecção é transmitida pela mordida, creio eu. E segundo.... PARCERIA ACEITA!! :D (y)

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    2. A infecção é transmitida também pelas garras, pelomenos é o que é mostrado em várias séries e filmes de lobisomens, se vc é ferido por um lobisomem logo na próxima lua cheia se tornará um, mais isso deixa pra lá! kkkkkkk
      Já adicionei um banner do seu blog lá nos meus parceiros! desejo sucesso! xD

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