domingo, 4 de setembro de 2011

Sonhos Lupinos #2

A floresta era densa, e húmida. A noite estava quente, sem nuvens, deixando a mostra aquela Lua Aterrorizantemente bela. Estava seguindo os rastros de umas pegadas, que estavam ao redor de meu barraco de madeira, pegadas essas que nunca tinha visto antes,  mas que se assemelhavam com a de lobos. Só que maiores. Minha intenção naquela noite era caçar pequenos animais, apenas para ter alguma coisa para comer no desejejum. Mas enfim, como vi que essas pegadas eram recentes, fiquei curioso, e comecei a rastrear este estranho ser. Chequei minhas munições outra vez, acendi meu cigarro, e segui em frente A Lua refletia bem a luz, de modo que facilitou a minha procura. Fui prosseguindo devagar, observando as marcas de garras nas árvores. Como sou rastreador muito hábil, pois fui ensinado por meu pai, um grande caçador, pude perceber ela posição das pegadas, que era uma criatura bípede, e quando corria, tornava-se quadrúpede Mas por que estava correndo? Minha busca prosseguiu por quase toda a noite, de forma que fiquei receoso de me perder nessa densa floresta, e não conseguir mais voltar. Porém, fui perseverante. É uma característica que, em alguns casos, é uma qualidade, outras vezes, defeito. Nesse caso tornou-se um defeito.

A noite estava muito quieta para o meu gosto. Não conseguia ouvir os grilos, e os demais animais noturnos. Nem mesmo via os vultos dos morcegos insetívoros ao meu lado. E esta floresta é cheia de morcegos. Não havia nenhum barulho, a não ser o vento da madrugada que passava por entre as árvores. Era um silêncio quase sepulcral, e isso me atingiu. Não sei se todos conhecem a sensação de estar sendo observado. Eu não conhecia, não depois dessa noite. Mas não tive medo. O medo é para a presa.

Comecei a ouvir grunhidos por perto. Achei o animal! Estava a alguns metros de mim. Dei uma ultima checada na munição, e nos mecanismos do meu rifle de caça, chequei a direção de vento, e avancei mais cautelosamente para não espantar a presa, como de praxe. Abaixei um galho de arbusto, e quase tive um parada cardíaca, tamanho foi meu susto; um lobisomem! Ele era grande, estava de costas para mim, parado olhando para o alto, como que admirando as estrelas e a Lua. Os pêlos eram negros, mas a luz prateada da Lua faziam-nos parecer prateados. Seus olhos eram amarelos, a pequena pupila era circundada por um disco vermelho, suas unhas pareciam como de águias, pequenas e curvas, orelhas e focinho pontudos.

Devagar, apontei a arma em direção da cabeça do monstro, bem silenciosamente. Mas não tive sucesso. Ouvi um barulho de respiração atrás de mim, acompanhado de um ar húmido. Me virei e me deparei com outro lobisomem, igual ao que eu estava caçando. Ele abriu sua bocarra, de forma que minha cabeça caberia inteira ali, e soltou um rugido, no momento em que ia me atacar.

No mesmo instante, me vi na minha cama, sem cobertor, pois o tinha chutado para loge durante o sono, totalmente molhado de suor, e ofegante. Foi apenas um sonho. Aliviado, deitei de novo, O céu estava começando a clarear, mas ainda estava um pouco escuro. Olhei para o relógio: 5:48 am. Me levantei, afinal, daqui a pouca teria que ir para a escola. Hoje tem um importante teste de química, e eu não perderia por nada. Mas uma coisa é certa: vou parar de ver filmes de lobisomem


FIM