Estava de
noite, no meio do outono, e as árvores já estavam muito secas. O céu estava
nublado, e conforme a lua aparecia e desaparecia, as sombras pareciam formar
desenhos, como de garras querendo nos arrastar para as trevas. Eu estava em uma
rua de uma cidade deserta, mais não sabia exatamente onde eu estava. Continuei
andando á esmo, como se estivesse em transe. Mas não estava.
Era
difícil explicar, eu estava consciente de tudo o que estava acontecendo, mas
era como se meus membros não me obedecessem. Do nada, quando dei por mim eu
estava dentro de uma loja com um cara que eu não sabia quem era. Era difícil
descrevê-lo, pois estava muito escuro, a não ser pela luz da lua entrando pelas
janelas de vidro. Mas pela silhueta dava para perceber que era um homem. Ele
estava sentado atrás do balcão, encostado na parede, sua respiração ofegante,
encurvado com as mãos na cabeça.
Eu me
aproximei preocupado, me abaixei e perguntei:
_Ei cara,
você ta bem? Se você quiser eu posso buscar aju...
_SAIA
DAQUI!! CORRA E SALVE-SE!!!
Meio sem
entender eu saí mesmo assim. Quando já estava na rua, ouvi um som de vidro
quebrando. Virei-me e vi que a vitrine da loja estava
quebrada, e vi um vulto preto passando rapidamente no mesmo estante,
e desaparecendo na escuridão. Não entendi muito bem porque, mas senti que
estava em perigo.
Virei-me
de novo, e percebi que do nada surgiu um muro na minha frente, que eu não fazia
ideia de onde ele tinha surgido. Não era alto, batia a altura do meu peito.
Pulei o muro e sai correndo a esmo pela rua. Vi uma mulher que estava passando de
carro e acenei pra ela. Ela parou
_Por
favor, me tira daqui senhora!! _ Implorei desesperado.
_Ta bom,
entra aí. _ Disse ela prontamente, o que achei estranho. Quem dá carona pra
alguém desconhecido? Mas enfim, isso não importa, eu estava tão tomado pelo
pânico, que não havia tempo pra pensar. Eu só queria fugir dali.
Depois que
entrei no carro da mulher estranha, seguimos por cerca de um tempo
indeterminado, por uma paisagem sombria, o céu negro, e as árvores velhas e
secas. O que não me ajudou em nada a ficar calmo.
Ela parou
o carro e me deixou em outro lugar.
_Desculpe,
mas eu só posso seguir com você até aqui_ disse ela, e foi embora sem dar
maiores explicações.
Fui
andando sem rumo de novo. Então eu vi no horizonte um reflexo de água. Segui
andando e vi uma plataforma de ancoragem de barcos. Fui até lá, para ver se
tinha algum barco pra fugir de lá. A plataforma era longa, e eu tive que ir até
o final pra ver se tinha pelo menos um bote lá embaixo.
Eu
reparei que a madeira estava muito podre, então tentei pisar com muito cuidado.
Quando cheguei no meio da plataforma, pisei em falso, e tudo começou a ruir, então
comecei a correr. Pra frente, porque pra trás não tinha mais saída... Quando
olho pra traz para ver o estrago, e vi que não tinha como sair dali, eu vi um tipo
de lobo monstruoso me olhando, dentes enormes e pontiagudos, arreganhados,
babando, com o pelo muito negro e olhos amarelos brilhantes. Ele correu pra
pegar impulso e pulou o buraco que ficou na plataforma. Percebi que ia me
pegar, e sabia que não adiantava eu correr. Mas fiz mesmo assim,
instintivamente. O estranho lobo ainda conseguiu morder meu ombro. Foi uma dor
terrível.
Então
fechei os olhos, e esperei a morte chegar. Mas do nada ouço alguém me chamar. Abro os
olhos, e magicamente vejo que estou em outro lugar de novo, só que dessa vez já
é de manha. O tal lobo não está por perto, e não sinal de mordida no meu ombro.
A Paisagem era tão incomum que é impossível descrever. Quando vou ver quem me
chamava eram umas pessoais que nunca vi. As seis pessoas estavam vestidas com
capuzes negros. Não entendi que eles disseram.
Bem aí eu
acordo... Eu estava dormindo? Nossa que loucura! Muita loucura. Estou suado, a
cama bagunçada. Quando eu vejo a marca de sangue no meu ombro, eu tive o maior
susto da minha vida. Mas então percebo que era apenas a tinha guache que caiu do
alto da cômoda ao lado da minha cama. Devo ter batido a mão nela, e a tinta
caiu.
Estava um
pouco ofegante, então abri a janela pra tomar um ar. Fechei os olhos e aspirei
um pouco do ar noturno. Na mesma hora De repente, senti que algo, ou alguém
estava me observando do lado de fora, e que estava na minha frente; uma coisa
preta tipo um lobo. O que era mais assustador era que ele tinha uma expressão
quase humana, mas precisamente, uma expressão cruel. Ele avançou em cima de mim
pela janela com uma velocidade impressionante; e depois que estava com as patas
traseiras na beirada da janela, ele deu impulso, e pulou e me agarrou. Quando eu
caí, ele começou não a me morder, mas e mastigar! Eu tentava sair só que não
tinha jeito essa coisa tinha colocado as patas em cima dos meus braços.
Fiquei
apavorado, e pelo jeito, não sei direito mais eu acho que a criatura estava
sorrindo vendo que não podia me soltar. Até a respiração da criatura era
estranha. O abdômen se movimentava como quando nós rimos. Com certeza essa
coisa em cima de mim estava sentindo prazer em me torturar. A dor era muita,
mas eu não conseguia gritar, nem de dor, nem para pedir socorro. Por mais que
eu me esforçasse, o ar não saía por minha garganta, o que me deixava ainda mais
agoniado. E tenho certeza de que a criatura sentia ainda mais prazer com isso!
Depois
disso acordei muito assustado. Mas espera! De novo?! Mas dessa vez parecia que
era definitivo. O quarto estava escuro, e não iluminado como no sonho. Eu estava
empapado de suor. Eu fui ver que horas eram. Estava dando 03h35min da manhã.
Acendi o abajur, mas depois não consegui mais dormir, pois me sentia como sendo
observado...
FIM
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# NOTA DO AUTOR
ADAPTADO DO SONHO DO LEITOR FELIPE ANDRÉ
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