domingo, 28 de julho de 2013

Sonhos Lupinos #5

Estava de noite, no meio do outono, e as árvores já estavam muito secas. O céu estava nublado, e conforme a lua aparecia e desaparecia, as sombras pareciam formar desenhos, como de garras querendo nos arrastar para as trevas. Eu estava em uma rua de uma cidade deserta, mais não sabia exatamente onde eu estava. Continuei andando á esmo, como se estivesse em transe. Mas não estava. 
Era difícil explicar, eu estava consciente de tudo o que estava acontecendo, mas era como se meus membros não me obedecessem. Do nada, quando dei por mim eu estava dentro de uma loja com um cara que eu não sabia quem era. Era difícil descrevê-lo, pois estava muito escuro, a não ser pela luz da lua entrando pelas janelas de vidro. Mas pela silhueta dava para perceber que era um homem. Ele estava sentado atrás do balcão, encostado na parede, sua respiração ofegante, encurvado com as mãos na cabeça.
Eu me aproximei preocupado, me abaixei e perguntei:
_Ei cara, você ta bem? Se você quiser eu posso buscar aju...
_SAIA DAQUI!! CORRA E SALVE-SE!!!
Meio sem entender eu saí mesmo assim. Quando já estava na rua, ouvi um som de vidro quebrando. Virei-me e vi que a vitrine da loja estava quebrada, e vi um vulto preto passando rapidamente no mesmo estante, e desaparecendo na escuridão. Não entendi muito bem porque, mas senti que estava em perigo. 
Virei-me de novo, e percebi que do nada surgiu um muro na minha frente, que eu não fazia ideia de onde ele tinha surgido. Não era alto, batia a altura do meu peito. Pulei o muro e sai correndo a esmo pela rua. Vi uma mulher que estava passando de carro e acenei pra ela. Ela parou
_Por favor, me tira daqui senhora!! _ Implorei desesperado.
_Ta bom, entra aí. _ Disse ela prontamente, o que achei estranho. Quem dá carona pra alguém desconhecido? Mas enfim, isso não importa, eu estava tão tomado pelo pânico, que não havia tempo pra pensar. Eu só queria fugir dali.

Depois que entrei no carro da mulher estranha, seguimos por cerca de um tempo indeterminado, por uma paisagem sombria, o céu negro, e as árvores velhas e secas. O que não me ajudou em nada a ficar calmo.
Ela parou o carro e me deixou em outro lugar.
_Desculpe, mas eu só posso seguir com você até aqui­_ disse ela, e foi embora sem dar maiores explicações.
Fui andando sem rumo de novo. Então eu vi no horizonte um reflexo de água. Segui andando e vi uma plataforma de ancoragem de barcos. Fui até lá, para ver se tinha algum barco pra fugir de lá. A plataforma era longa, e eu tive que ir até o final pra ver se tinha pelo menos um bote lá embaixo.
Eu reparei que a madeira estava muito podre, então tentei pisar com muito cuidado. Quando cheguei no meio da plataforma, pisei em falso, e tudo começou a ruir, então comecei a correr. Pra frente, porque pra trás não tinha mais saída... Quando olho pra traz para ver o estrago, e vi que não tinha como sair dali, eu vi um tipo de lobo monstruoso me olhando, dentes enormes e pontiagudos, arreganhados, babando, com o pelo muito negro e olhos amarelos brilhantes. Ele correu pra pegar impulso e pulou o buraco que ficou na plataforma. Percebi que ia me pegar, e sabia que não adiantava eu correr. Mas fiz mesmo assim, instintivamente. O estranho lobo ainda conseguiu morder meu ombro. Foi uma dor terrível.
Então fechei os olhos, e esperei a morte chegar.  Mas do nada ouço alguém me chamar. Abro os olhos, e magicamente vejo que estou em outro lugar de novo, só que dessa vez já é de manha. O tal lobo não está por perto, e não sinal de mordida no meu ombro. A Paisagem era tão incomum que é impossível descrever. Quando vou ver quem me chamava eram umas pessoais que nunca vi. As seis pessoas estavam vestidas com capuzes negros. Não entendi que eles disseram.
Bem aí eu acordo... Eu estava dormindo? Nossa que loucura! Muita loucura. Estou suado, a cama bagunçada. Quando eu vejo a marca de sangue no meu ombro, eu tive o maior susto da minha vida. Mas então percebo que era apenas a tinha guache que caiu do alto da cômoda ao lado da minha cama. Devo ter batido a mão nela, e a tinta caiu.
Estava um pouco ofegante, então abri a janela pra tomar um ar. Fechei os olhos e aspirei um pouco do ar noturno. Na mesma hora De repente, senti que algo, ou alguém estava me observando do lado de fora, e que estava na minha frente; uma coisa preta tipo um lobo. O que era mais assustador era que ele tinha uma expressão quase humana, mas precisamente, uma expressão cruel. Ele avançou em cima de mim pela janela com uma velocidade impressionante; e depois que estava com as patas traseiras na beirada da janela, ele deu impulso, e pulou e me agarrou. Quando eu caí, ele começou não a me morder, mas e mastigar! Eu tentava sair só que não tinha jeito essa coisa tinha colocado as patas em cima dos meus braços.
Fiquei apavorado, e pelo jeito, não sei direito mais eu acho que a criatura estava sorrindo vendo que não podia me soltar. Até a respiração da criatura era estranha. O abdômen se movimentava como quando nós rimos. Com certeza essa coisa em cima de mim estava sentindo prazer em me torturar. A dor era muita, mas eu não conseguia gritar, nem de dor, nem para pedir socorro. Por mais que eu me esforçasse, o ar não saía por minha garganta, o que me deixava ainda mais agoniado. E tenho certeza de que a criatura sentia ainda mais prazer com isso!
Depois disso acordei muito assustado. Mas espera! De novo?! Mas dessa vez parecia que era definitivo. O quarto estava escuro, e não iluminado como no sonho. Eu estava empapado de suor. Eu fui ver que horas eram. Estava dando 03h35min da manhã. Acendi o abajur, mas depois não consegui mais dormir, pois me sentia como sendo observado... 
FIM
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# NOTA DO AUTOR

ADAPTADO DO SONHO DO LEITOR FELIPE ANDRÉ

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sexta-feira, 5 de julho de 2013

O Preço da Traição

Rodrigo estava deitado na grama, observando a lua cheia refletida no lago a sua frente, as mão embaixo da nuca servindo travesseiro, os pés cruzados. Relaxado,  estava ouvindo os sons noturnos, a água corrente fazendo um barulho relaxante, os grilos e cigarras, e outros animais noturnos.  Usava uma jaqueta preta, e uma calça jeans, mas fez questão de tirar o coturno.

Ele e alguns amigos estavam comemorando o aniversário de um amigo numa casa de campo, que estava na região. Era regado a muita bebida e música alta. Ele deu uma fugida porque era muito ais chegado á natureza do que seus amigos, e, por mais que a festa estivesse boa, não perderia a chance de curtir essa paisagem espetacular! De tão distraído, não percebeu uma aproximação furtiva atrás dele. Mãos frias tocaram seu pescoço de repente:

_AAHHHH!!! _ Gritou Erika, fazendo Rodrigo se levantar num pulo

_Ai, sua filha de uma cadela! Que susto! Ufa!

_hahahahaha achou que fosse quem? hahahahaha

Eles se tratavam assim porquê já se conheciam a muito tempo. Erika namorava um metaleiro chamado Lucas. Ela era uma garota gótica muito bonita. Cabelos negros, pele branca, dentes brancos como marfim. Usava um corset que realçava suas curvas, deixando-a muito mais provocante.

_Agora eu entendi por que você veio pra cá. _Disse ela_ É muito bonito!

_Sabe, _ Disse ele em tom educado, sentando de volta, agora já mais calmo_ eu não queria dividir esse lugar com ninguém. Mas vai, fala. Imagino que tenha vindo aqui me dizer alguma coisa

_Desculpe. É que o pessoal tava perguntando de você. Se bem que nessa altura todos já devem estar desmaiados de tanto álcool. E você sabe que o Lucas não está aqui, então, eu to me sentindo meio sozinha._ Ela tirou um preservativo da calça de couro, Chegou perto do ouvido dele, e disse com voz provocante: _ Se é que me entende.

Eles abraçaram, sorrindo um pro outro, a vozes baixas, á nível de sussurro:

_Escuta, o que Lucas acha de você estar traindo ele.

_Ele nunca vai saber. Até porque, eu só to com ele por causa do dinheiro dele

_Ah ta! Então tá.

Começaram a se beijar e se despir ali mesmo. Nenhum do dois reparou no barulho estranho que ouviram, por julgarem se tratar de um dos animais locais. Estavam sendo observados por alguém. Ou algo. Essa "coisa" avançou lentamente, e silenciosamente, como um tigre. Já estavam complemente nus, e Rodrigo ficou por cima por alguns instantes, e então a criatura atacou. Foi tão rápido que a coisa parecia uma mancha no ar. Rodrigo foi mordido no pescoço, e levado pra relativamente longe de Erika, devido ao impulso do ataque. Ele começou a gritar de dor, enquanto era mordido e golpeado no corpo pelos membros anteriores do bicho.

Erika olhava estarrecida, e sem entender o que estava acontecendo. De repente a criatura se levantou, e ficou sobre as patas traseiras. A luminosidade da Lua era perfeita, então ela pôde claramente que era um lobisomem. Era cinzento, alguns pelos, orelhas pontudas, focinho comprido, e uma boca enorme cheia de dentes pontiagudos. Ela então começou a gritar de pavor. Rodrigo ainda estava vivo, mas respirava com dificuldade. Foi pego pelo pescoço, e erguido, ficando com seus pés balançando, o panico estampado no rosto. Então começou a ser golpeado na cabeça com as garras afiadas da criatura, tirando partes de seu cranio, até que perdeu a consciência. E ficou ali morrendo de hemorragia.

Ele então se virou pra Erika, que mesmo nua, havia se levantado pra fugir. Os olhos do lobisomem eram amarelos, com bordas pretas, seus dentes afiados estavam pingado sangue e saliva. Mas havia algo diferente nesses olhos. Eram... lágrimas. O lobisomem estava chorando!

Ele colocou a mão esquerda na frente do rosto, para enxuga-las, e então Erika percebeu uma aliança em seu dedo. Apesar do medo, ela reconheceu seu namorado. Não restava dúvida de era ele.

_Lu... Lucas...? Amor? É você? Você pode me ouvir?

Ele estendeu os braços e ela com muito receio, se achegou a ele. Eles se abraçaram. Só que o aperto do lobisomem foi um pouco forte demais. Na verdade, ela tinha mordido a isca. Durante o abraço, Erika tentou falar:

_Amor, eu posso explicar... eu...gaaasp!! _Não conseguiu dizer nada mais além disso. Durante o abraço, as mãos do lobisomem haviam deslizado as mãos para o pescoço dela. O que antes parecia ser um abraço afetuoso na verdade era era uma arapuca. Ele estava-a estrangulando. Ele olhou no fundo dos olhos dela, urrou, e com um único movimento, afastou seus braços rapidamente, arrancando sua cabeça.

A cabeça de Erika, ainda viva por alguns instantes, assumiu um expressão de horror, enquanto tentava gritar, mas não vinha mais o ar dos pulmões. Ainda teve a chance de ver a bocarra do monstro, que antes era seu namorado, abocanhar seu rosto. Depois disso, veio a inconsciência.

O dia amanheceu. Claro e bonito, como se nada houvesse acontecido. Devido a ressaca dos outros amigos, acordaram tarde. E só muito tempo depois foram dar pela falta dos dois. Saíram pra procurar, e no final, os encontram. Ou melhor, o que restou deles. Seus corpos foram encontrados, dilacerados, e semi devorados, com seus órgãos internos, também devorados. Seus amigos ficaram, espantados, alguns choraram, outros gritaram de pavor. O Sítio foi fechado, autoridades saíram para procurar essa tal criatura, mas nada foi esclarecido até hoje.

FIM