quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Lobisomem à vista

REPORTAGEM

Nos filmes da série ‘Crepúsculo’, ele é bonzinho e disputa a mocinha. Mas o homem-lobo sempre causou medo, como na antiga história do Campestre do Menino Deus

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 A figura do lobisomem exerce uma relação ora de encantamento, ora de pavor em muitas pessoas. Na psiquiatria, existe até uma doença, chamada licantropia, desvio mental em que o paciente julga ter características de um lobo.

A origem da lenda está na mitologia grega. Mas ela começou a se difundir a partir da Europa onde o mito ligado ao paganismo se associou ao medo que os camponeses tinham dos lobos.

No Brasil, o que não faltam são versões. Uma delas tem origem em Santa Maria, no bairro Campestre do Menino Deus. Por lá, há muitos anos, teria surgido um monstro que misturava formas humanas e de lobo. A última aparição da criatura, de cerca de um metro de altura, teria ocorrido em 1996. Naquela época, alguns moradores teriam saído atrás do bicho, mas encontrado só rastros. Até um taxi teria sido arranhado pelo homem-lobo. O taxista teria conseguido fugir a tempo de se salvar.

A lembrança é de muito pavor
 

Quem vê o aposentado Nelson Fenalti, 70 anos, cuidar tranquilamente de sua horta na frente de casa não imagina o tormento pelo qual ele passou nos anos 90, quando viu – ainda que de longe – uma criatura que jura, de pés juntos, ser um lobisomem.

– A minha mãe tinha visto muitos lobisomens quando morava em Itaara. Nós já sabíamos que era um bicho perigoso. Quando vi, ele passou correndo por mim. Era como um cachorro, só que bem maior, todo preto, com os olhos vermelhos – conta Fenalti.

Uns dizem que a maldição do lobisomem acontece ao oitavo filho de uma geração só de homens. Outros garantem que é puro castigo ou penitência que Deus dá ao homem que não é batizado, que fica 10 anos sem se confessar ou sem pôr a mão na água-benta. Há quem garanta ainda que é pena aplicada a quem falta ao respeito para com os pais ou padrinhos. E, quem for mulher, não pense que escapa, pois, como não pode ser lobisomem, vira bruxa.

Para tentar contar um pouco sobre a história do lobisomem, não só o do Campestre, mas o do mito que há séculos povoa a imaginação de tanta gente, a revista MIX foi atrás de filmes, livros e especialistas no assunto. Nas próximas páginas você fica sabendo desde o que diz a lenda sobre a transformação de um homem em lobo até crimes envolvendo a criatura.

É claro que há aqueles para quem tudo isso não passa de crendice e que garantem que, para ver lobisomem, será preciso folhear alguma obra literária, ir ao cinema ou assistir a uma das séries de televisão que surgiram sobre o tema.

Por via das dúvidas, se for noite de lua cheia e você estiver desconfiado de que está perto de um lobisomem, a menos que tenha um revólver carregado com bala de prata e seja bom de pontaria, abaixe os olhos e esconda as unhas para não provocá-lo. Crendice ou não, é sempre melhor prevenir do que remediar, principalmente porque, segundo o folclore, não há remédio – nem de benzedeira – que possa curar tal maldição.

marilice.daronco@diariosm.com.br  

MARILICE DARONCO

http://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,1304,2966053,15067