domingo, 29 de julho de 2012

Sonhos Lupinos #3

Nesse mês, eu sonhei que estava conversando com alguém dentro de um banheiro público. Durante a conversa, senti contrações dolorosas no meu corpo, de forma que tive que me abaixar. Me virei para olhar pela janela, de forma que fiquei de frente para as divisórias que separam os sanitários e pude ver a Lua cheia em contraste com o céu negro.

Dentro das divisórias haviam três crianças (uma em cada divisória) tirando sarro de mim por algum motivo. Meus instintos me fizeram ir de encontro a uma das crianças sobre os quatro membros ainda, mesmo não estando totalmente transformado. Cheguei na porta do meio, e a abri com um tapa muito forte. A criança (que pude ver que era um menino) recuou até a parede com cara de medo. Coloquei a mão (ou pata nesse caso) no ombro dele, e pude ver minhas garras.

Ao ver minhas garras, o meu lado consciente me segurou. Eu o larguei e examinei minhas mãos. Ainda não estavam peludas ainda. Toquei nos meu dentes, e pude perceber que meus caninos estavam grandes e pontiagudos. Disse para mim mesmo: "controla, controla". Me virei para a pessoa com quem eu esta conversando. Não reconheci o rosto, mas (possivelmente era um homem), pude reconhecer sua expressão de espanto ao presenciar essa cena, da qual eu fui o protagonista. O sonho acaba aí.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Amor Proibido

 
Nany e Leandro estavam passeando pelo parque, de madrugada, em lugares opostos, mas indo para a mesma direção. A Lua estava em fase crescente e dentro de alguns dias estaria cheia. Ambos estavam de cabeça baixa, passos lentos, pois estavam reflexivos sobre suas vidas e sobre o que fazer com elas. Ambos gostavam das madrugadas, não só pelo fato de ser o momento mais tranqüilo do dia, mas principalmente, eles eram criaturas da noite. Leandro era um lobisomem, e Nany uma vampira.

O parque estava localizado numa região ligeiramente alta na cidade. O ponto aonde os dois seres noturnos iam era um banco num ponto onde se tem uma vista panorâmica da cidade. Era o ponto ideal para se meditar. Como estavam imersos em seus pensamentos não perceberam a aproximação um do outro. Ambos se viraram em direção ao banco, e foi aí que se viram. Ambos se assustaram

Nany tinha a pele pálida, branca como a Lua, mas seus lábios eram rosados, e com aspecto de serem delicados. Vestia um vestido de seda preto que cobria todo os seu corpo, e um corset por cima, que delineava seus contornos femininos. Seus cabelos eram longos, lisos e negros. Os vampiros em geral, exercem um poder de sedução natural de sua raça. A cara de susto dela a fazia ficar mais atraente, pois dava a impressão dela ser indefesa, o que instigava em Leandro o instinto de protege-la. Era era linda como o brilho da Lua cheia, bela e delicada como uma rosa!

Leandro estava vestido com jaqueta de couro, causa jeans e camiseta preta. Seus cabelos eram longos, e seus músculos definidos. Seus olhos eram castanhos claros, que brilhavam apesar da fraca luz lunar. Não usava barba, e sua pele era lisa, o que lhe conferia um ar de anjo, não fosse o rosto austero. Nany se sentiu atraída pelo seu aspecto masculino.

_O que está fazendo aqui? _ Disse ele, com a voz grossa, mas aveludada, o que fez Nany estremecer por dentro.

_Eu só vim aqui pra pensar _Respondeu ela. Seu timbre de voz, agudo, mas delicado, surtiu o mesmo efeito em Leandro.

_Esse é meu lugar preferido pra meditar _ Disse Leandro

_O meu também. Esperava que fosse exclusividade só minha.

Ficaram em silêncio por alguns instantes. Leandro por fim quebrou o silêncio.

_Bem, então não vejo outra solução. Como sou cavalheiro, só posso pedir que se sente comigo. É chato passar noites em claro... Sozinho. Queria alguém pra conversar. _Era óbvio que estava tentando seduzir a vampira.

Ingênua, ela aceitou. Geralmente ao ver uma garota bonita, seus instintos animalescos o faziam perder o controle e acabavam matando a pobre inocente. Mas com essa não. Ela despertava o desejo de protege-la. O que havia de tão diferente nela? nela


Foi assim que se conheceram. Os dias se passaram, e criaram esse hábito de se encontrarem sempre no mesmo lugar. E ambos descobriram que estavam enamorados um  pelo outro. Mas eles nunca descobriram o verdadeiro lado de cada um pelo fato de nunca se tocarem nesse meio tempo. Nesse fatídico a Lua estava cheia. Leandro então comentou:

_Olhe, como a noite está linda hoje

_Realmente. _respondeu ela, e ambos sorriram um pelo outro.

Seus rostos estavam radiantes. Suas pupilas se dilataram, e então veio o desejo de se tocarem. Eles se aproximaram, suas mãos se tocaram, seus rostos aproximaram, e, antes que se tocassem, ambos sentiram o cheiro um do outro invadindo suas narinas. Cheiros de vampiro, e de lobisomem.

_VAMPIRA!
_LOBISOMEM!

Gritaram ao mesmo tempo e se afastaram.

Como era Lua Cheia, era mais difícil para Leandro controlar a mutação. Ele esteve segurando bem a barra, até o presente momento. Primeiro; o susto causado em saber que sua amada era de espécie diferente da dele. Segundo; seus instintos sabiam que ela era sua pior inimiga. Não havia como segurar agora.

_Porque não me disse isso antes?! _ Disse Leandro que se transformou. Suas roupas rasgaram, suas garras cresceram, junto com seus dentes, de forma que se tornou uma horrenda criatura.

Simultaneamente, Nany, espantada, Deixou seus dentes crescerem para se proteger. Mas ao fazer isso, seus instintos vampíricos tomaram conta dela. Já não existiam mais dois amantes e sim dois inimigos mortais.

Leandro desferiu um tapa no rosto de Nany, fazendo cortes profundos, e com a foça do golpe, foi jogada para trás. 

Paralelamente, Karen, sua irmã, sentiu o medo de Nany.  Os vampiros de um mesmo clã têm uma estranha ligação mental entre si, de forma que se um membro está em perigo, ele sempre será salvo por algum outro membro. No caso das duas, a ligação era mais forte  por causa de seus laços sanguíneos. Ela estava longe, mas veio velozmente salvar sua irmã.  

Nany se levantou enfurecida 

_O que você fez comigo? AHH! Você me paga! Você vai se arrepender por ter cruzado o meu caminho... _ Disse ela e deu outro tapa de volta no lobisomem. O golpe foi muito forte, deixou-o tonto, mas não foi o suficiente, pois ele se recuperou rápido.

Ao tentar desferir mais um golpe, Leandro foi atingido por uma coronhada no queixo. Isso o derrubou e o deixou desnorteado. Era da pistola glock de Karen, que veio voando em alta velocidade, suas asas negras saindo de suas omoplatas.

_Você machucou minha irmã! Vou despedaçar seu coração com as minhas mãos!_Disse Karen

Karen, como sua irmã tinha o mesmo aspecto da pele. Mas seus olhos eram de um castanho bastante claro. Podia ser bela, não fosse o seu rosto estar desfigurado pela fúria. Estava vestida com um corset

Karen mudou de idéia, por que viu que ele era muito poderoso, então tentou disparar no corpanzil caído, mas constatou que a arma estava descarregada. Normalmente andava com ela sempre carregada com balas de prata, mas hoje, por um descuido esqueceu a munição no covil.

O lobisomem percebeu, e se preparou para atacar e avançou com energia. Não havia outra alternativa, senão fugir, então as duas alçaram vôo, fazendo a criatura lupina atacar o ar, de forma que, quando atingiu o chão, fez levantar uma quantidade significativa de poeira.

Nany fraquejou durante o vôo. Seu ferimento no rosto a fazia perder muito sangue, e, portanto energia. Karen percebeu isso e as duas pararam em cima de uma árvore para descansar. Mas Karen olhou para Nany com aquela cara de uma mãe que olha para um filho mal criado, então desferiu outro tapa nela., vertendo mais sangue.

_Nany, se você não sabe, um arranhão de lobisomem é capaz de matar um vampiro! _ Disse Karen. Então ela usou seus caninos para furar seu próprio pulso, e deu de beber á sua irmã. Os ferimentos começaram a cicatrizar no mesmo instante, e muito rapidamente.
  
Ouviu-se um uivo bem perto dali, e elas olharam apreensivas. O lobisomem estava no encalço delas.

_Eu tenho uma erva que pode acabar com os lobisomens. _ Disse Karen

_Agora você me ajuda né mana! depois de praticamente me desanimar.

 _Não há tempo para choramingar! Precisamos ir ao esconderijo logo

E elas alçaram vôo novamente, avançando por entre a noite enluarada. suas asas negras fazendo um ruido característico conforme o vento passava por elas. Por fim chegaram ao covil. Era no alto de um monte rochoso, onde havia uma abertura que formava um túnel que se aprofundava até o centro do monte. Elas aterrissaram na parte plana na frente da caverna. Ainda podiam ouvir o urros e rosnados da besta que se aproximava com fúria e vigor.


O brilho da lua era o suficiente para revelar uma mancha negra que se apromava da covil subindo pelo rochedo. Era o lobisomem escalando com suas potentes garras

"Essa não!" pensou Nany

_Vou despedaçar seu coração com as minhas mãos!_ Esbravejou Karen, e as duas entraram correndo na caverna

_Você tem é que procurar um jeito de acabar com ele  _ disse nany com pesar. Ela sabia que esse monstro era o seu amado.

_Vamos! _ Disse Karen

E elas desceram mais, e depressa. Os uivos e rosnados ecoaram pelos túneis, o que indicava que ele invadiu o covil.

_Droga! ele vai matar a gente! _ disse Nany. _ Já sei, vamos nos separar, e vamos vagar pelos túneis. Ele vai seguir nosso cheiro pela caverna inteira, vai ficar desorientado e vai desistir

 O plano de Nany era poupar a vida do seu amor

_É arriscado _ Disse Karen_ Ele pode nos emboscar!

Outro urro

_Quer saber? É tudo ou nada_ Respondeu Karen

E elas se separaram. Passararam pelo labirinto de túneis que era o covil durante a madrugada inteira. Durante uma dessas passagens, Sem que sua irmã soubesse, Karen passou pela sala do arsenal e recarregou sua pistola com balas de prata.





A tática era interessante; elas passavam correndo pelos corredores, sempre perto dele. Ele se virava para caça-las, mas elas já tinha sumido, então era atraído por outra, e assim até que o lobisomem se enfadou e farejou a saída para fora da caverna.

Mas já era muito tarde, ou melhor, muito cedo. O dia já estava amanhecendo, a Lua já estava se pondo, e o céu ficou tingindo de uma tonalidade entre o preto e o azul. A Lua cheia já não exercia mais poder sobre a transformação de Leandro, e ele voltou á forma humana lá dentro mesmo da caverna.

Seu gemidos de dor chamaram a atenção das duas em dois locais opostos um do outro. Nany pensou: ele agora está em perigo, preciso ajudá-lo. Sua irmã pensou: é a minha chance de acabar com ele! E ambas saíram correndo em direção a ele.

Leandro estava nu. Ele saiu meio correndo, meio se arrastando em direção á saída, a duas quase se trombaram ao entrar na mesma galeria, a que levava a saída. Ela o viram ao mesmo tempo, e Karem sussurou para sua irmã:

_Que delicia... Mana, eu te dou a honra de matar esse lobisomem infeliz! _ E estendeu sua pistola para Nany, que hesitou

Os super sentidos de Leandro o alertaram da presença das vampiras, então eles se virou e disse aos brados:

_Vou arrancar a cabeça de vocês duas!

Karen se sentiu provocada, e falou por entre a escuridão:

_Como se você já esta na sua forma humana? HAHAHAHAHA....Você não pode mais com a gente! Você já esta morto!

Ela saiu do esconderijo e apontou sua pistola para Leandro. Como Nany não pegou, ela continuava em posse de Karen.

_Essa pistola esta carregada combalas de prata_ disse ela

_Oh não! E agora! Por favor piedade! _ Apelou Leandro, tomado de um terror instantâneo

Nany estava passiva de terror, torcendo para que alguma coisa acontecesse e Seu amor pudesse ser salvo

Karen fez a mira, e disse séria:

_Na hora que você estava matando minha irmã você ñ pensou em livra-lá néh, agora quer piedade? já é tarde demais... Prepare-se para morrer... MORRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Leandro, invocando todas as sua habilidades lupinas, mesmo na forma humana, conseguiu correr até a saída. Percorreu uma grande distância, muito rapidamente. Mas não foi o suficiente. a bala o atingiu em cheio nas costas, fazendo-o gritar de dor.

_NÃÃÃÃÃÃOOOOOO... KAREN! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?! _ Nany entrou em desespero e saiu correndo ao encontro de Leandro

Leandro por fim conseguiu sair da caverna, mas foi tarde demais. A prata já estava em seu organismo corroendo-o por dentro muito rapidamente. Suas forças se esvaiam muito rapidamente, sua respiração ficou entrecortada, sua pulsação subiu e caiu repentinamente. Ele não resistiu e caiu inerte na frente da caverna mesmo, o sangue saindo pela boca. Estava morto.

Nany surgiu logo em seguida. Como o sol ainda não havia aparecido, ela ainda podia sair. O Céu agora estava entre o laranja e o rosa. Ela se ajoelhou ao lado do corpo aos prantos, soluçando

_Leandro Diga que não morreu! Vamos fazer as pazes!

Sua irmã chegou ao lado dela e disse pasma?

_O que pensa que está fazendo?

_O Que você fez Karen? _ Disse ela aos soluços, sem olha-la

Nesse momento, elas sentiram uma outra presença perto delas. Nany levantou o olhar e viu Leandro em pé na sua frente. Mas espere! Ele estava morto na sua frente! Ela prestou mais atenção e reparou que estava envolto numa especie de luz. Era o fantasma dele.

 _Eu estou morto minha querida. _Disse ele. Sua voz se assemelhava a um eco. _ A Sua irmã me feriu gravemente, e não pude resistir. Agora, não posso falar com você, minha alma precisa ir fazer a travessia.  Adeus...

_Porquê?! AAAHHH!! não se vá!! Por mim! Não me deixe...eu imploro...
Então o brilho ficou mais intenso, de forma que as duas tiveram que cobrir o olhos. Quando o brilho desaparece, Leandro some, e só ficam as duas ali.

Sua irmã, de pasma, passa a ficar indignada

_Você o amava?!

"Ora essa", pensou ela, "onde ja se viu, um lobisomem com uma vampira! É o cúmulo!"

 Nany continuava chorando, inconsolável. Sua irmã viu de longe a bola laranja que é o Sol, se erguendo no horizonte.


_Nany! O Sol!

Karen voltou rapidamente para a caverna. Mas Nany ficou

_Nany, o que você está fazendo? Volte aqui! Rápido!

_NÃO! Eu vou ficar aqui mesmo!

O Sol se levanta, e seus raios atingem o topo do cume.

_NANY!!!

Nany não se move. Ela fica lá, gritando de dor enquanto seu corpo se incinera. Karen se recolhe para dentro do covil, com um tremendo peso no coração, por ter perdido sua irmã, e lá ela fica até a próxima noite.

A noite por fim chega, e Karen sai da caverna. Ela chega perto da estátua enegrecida de sua irmã, em cima do cadáver do lobisomem na forma humana. Alguns corvos estavam devorando a carcaça. Eles alçam vôo quando ela se aproxima. Ela estende a mão trêmula e a toca de leve. A estatua de cinzas se desfaz instantaneamente, e Karen grita de dor. Dor por ter perdido sua querida irmã, que ela tanto amava. Por fim, ela pega o cadáver, e o joga do alto do monte pedregoso, aos prantos. Ela se ajoelha ali mesmo, e chora. Chorará até que a fome a faça sair à caça de alguma presa descuidada.













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 #NOTA DO AUTOR
Esse post foi uma homenagem às minhas amigas, minha musas inspiradoras que deram a idéia de fazer essa história durante uma mera brincadeira.